Simulacros e outras tretas
No meio da minha rotina hoje
tive a excepção mensal, o dia de ir à vacina (mais ou menos como os bebés,
todos os meses). Perdi a manhã inteira entre salas de espera, secretariados, “vais
para ali… e agora para acolá”, o corre-corre que é sempre uma manhã destas no
hospital. O tempo passa e passa. A vacina acaba e já tenho pouco mais de meia
hora para sair dali, almoçar e ir para as aulas. Decidi ir ao centro comercial
comer qualquer coisa rápida. Na porta está um aviso: simulacro. Por distracção,
demora na assimilação da mensagem e depois preguiça de voltar atrás fiquei sem
saber a que horas se daria o dito cujo. Bem sobrou-me assunto de reflexão para
o resto do dia.
Acho que sempre achei estes simulacros avisados
inúteis. Não servem para testar a eficácia das evacuações já que as pessoas
sabem perfeitamente que não correm perigo e como tal continuam a passear-se até
à saída de emergência. Não servem para controlar o pânico porque, na verdade,
não há pânico. Tudo se processa em câmara lenta e só falta distribuírem um
manualzinho de instruções que diga qualquer coisa como: Em caso de incêndio/cheia/sismo não fuja, sente-se calmamente a ler o
que tem de fazer. Pus-me depois a pensar na inconsciência que foi não
voltar atrás para ver o falado horário. Imaginem só que o tal simulacro se dava
enquanto eu comia o meu hambúrguer ou me lambuzava com o ketchup das batatas
fritas, lá teria eu de proceder às manobras de evacuação sujeitando-me ao chico-espertismo alheio, habilitando-me
a ficar sem almoço ou a comer em andamento, enquanto fingia estar a proteger-me
de uma catástrofe que não estava a acontecer. Ninguém me subsidiaria pelo
incómodo e eu ficaria deveras irritada. Sabem quem ia pagar? A Alexandra que
ficou sentada ao meu lado na aula e que levaria com todo o mau humor que estas
coisas me impingem.
Ah, o simulacro era às 22h45. Boa noite.
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