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A mostrar mensagens de abril, 2012

Trinta Quilómetros

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Estás na praia, meio-dia, deitado ao sol. Aquele sol tórrido que te grelha todos os bocadinhos de pele, que queima como braseiro. Achas que estás a sentir a Natureza em todo o seu esplendor, no seu auge. Não estás! Sabes quando conheces a força da mãe Natura? Quando caminhas durante a noite e sentes a chuva a bater-te na cara, tão fria que serve de anestésico às tuas maçãs do rosto, o nariz pinga, o queixo pinga, a língua lambe os pingos que escorrem nos lábios. O vento esfria os poucos pedaços do teu corpo que ainda se mantinham a uma temperatura agradável. A roupa cola-se à tua pele como que formando um só órgão e, aos poucos, o teu cérebro deixa de processar o frio que sentes, o quão encharcado estás. E, nesse momento, és só tu e ela, a Natureza. E é então que te apercebes do quão avassalador, assustador e mágico é o rugido das árvores que esvoaçam, entrelaçando-se em melodias com o vento. É quando te abstrais da suposta dor física que sentes o fluir dos pingos, na ponta d

sempre uma (nova) lição

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É bonito aquilo que se vê da minha varanda. Gosto de ir lá à noite. Não posso ver toda a vegetação que vejo de dia, não há iluminação nos pinhais. Vejo as luzes da (minha) cidade, vejo os carros que circulam, mas hoje a minha atenção foi presa por algo especial: o comboio. Só consegui ver as luzinhas de forma rectangular que corriam, umas atrás das outras, à velocidade dos sonhos de quem viaja. E pus-me a pensar, a recordar e a imaginar. Lembrei-me da última vez que passei naquela linha... Vinha de coração cheio (como sempre estou de lenço ao peito), trazia na bagagem cantares de rua, cheiros do Norte, sorrisos daqueles que só queriam carinho, gargalhadas dos meus, cumplicidades, romances e uma porta aberta para ser Homem Novo, decisões tomadas, foi o começo da despedida. Nada disto sinónimo de tristeza, porque o encerrar de um ciclo é sempre o começo de outro. Lembrei-me, depois, da última viagem que fiz. Desta vez, de camioneta. Aquela que, até agora, foi a viagem da

volta Verão

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Sabem do que é que eu gosto? De correr para a estação com o biquíni ainda molhado, apanhar o comboio no último segundo e adormecer no caminho para casa. De deixar a areia, que vinha preza nos tornozelos, no chão da casa de banho e deliciar-me com água quase fria. De deixar o cabelo molhado caído nas costas e da leveza do vestidinho de alças. De comer salada de atum ao jantar e ir para a varanda de seguida. De jogar cartas aos serão, sob a lua ao sabor de um refrescante Ginger Ale. De adormecer na varanda a ler um livro e saber que, no dia seguinte, a rotina vai ser semelhante. Gosto de me levantar às oito da manhã, sem refilar, ser beijada por um sol esplendoroso. Gosto de escolher o biquíni, os calções e calçar as havaianas. Gosto de caminhar na areia, de me deitar ao sol, esticar um braço e entrelaçar nos dedos os pequenos grãos. Gosto das gargalhadas que se dão na praia. Gosto das maçãs do rosto brancas do protector solar. Gosto de correr para a água e entrar de c

Nós fomos!

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Sangue, suor e lágrimas! Sorrisos, beijos e abraços! Uma noite, escassas horas, um sonho! Dois berros, três palmas, uníssono! E, assim, declamado, podia ser uma excelente descrição do que foi. Tudo enquanto meia dúzia de gotas escorregam pelo rosto, morrendo na língua que lambe a saudade em estado líquido. Amigos, confidências e memórias! Partilha, fogo no peito e música, muita, muita música! Cansaço flamejante nos olhos, coração cheio e alma plena de orgulho! Tudo planeado, executado e sentido na maior pureza do nosso esforço. Louvor? Glória? Fama? NÃO! Paixão! Amor! Luta! Garra! Companheirismo! Vitória (sempre)! Força! SONHO!

bola de sabão

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Sabes quando se sente a ponta dos dedos a fervilhar? Eu descobri o que isso é! Descobri que são as palavras a chamar o papel e a caneta (sempre a caneta, para que nenhuma borracha as destrua). Sabes o que é melhor nisso tudo? É quando as três se encontram. Vontade, papel e caneta sentados à mesma mesa, bebendo chá do mesmo bule, em conversas triviais. E são estas conversas que te limpam a alma, que proferem (em voz sonante) aquilo que invade a tua mente, o teu peito, a tua alma. Essas conversas são os teus sentimentos espelhados no tampo vidrado da tal mesa. É este encontro-maravilha que expressa tudo aquilo que tu és, nem que seja com as metáforas de Neruda. É neste encontro que a vontade te apresenta ao restante comité . É deste encontro que nasce a beleza da tua escrita, aquilo que de mais puro tu fazes.