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Dia 18 - CONVIVER

Conviver: viver com o outro. Adoro jantares de amigos, de todos os tipos. Gosto quando jantamos antes de uma noite de Queima e nos emborrachamos como se não houvesse amanhã. Gosto quando jantamos porque sim e acabamos a noite à conversa e a jogar Pictionary . Gosto quando jantamos para celebrar um aniversário. Gosto quando jantamos para nos despedir. Adoro jantares de amigos, há quem defenda que é a melhor rede social e eu sinto-me na obrigação de concordar. Estou mortinha para que os meus amigos comecem a casar. Vê-las vestidas de noiva, vê-los adultos, de gravata e com os nervos a escorrerem-lhe pela testa. Nós de capas estendidas na saída da igreja. A foto de grupo. O almoço sempre servido à hora do lanche. Os primeiros casamentos em que partilhamos mesa com amigos e não com família. A pista a ser nossa. A noiva a atirar o ramo enquanto todas as amigas se esquivam discretamente e os namorados estão pelo bar como se nada fosse (como tão bem explica a Maria das Palavras ). O fi...

Dia 16 - SABOREAR

Saborear: tomar o gosto a, entregar-se com prazer a. Não sou fã de passas, não sou fã de frutos secos na sua generalidade. Acho alguma piada a pinhões mas recuso-me a comprá-los a preço de ouro. Gostava era quando ia com os meus avós apanhar pinhas para a lareira ou para o forno de lenha e nos sentávamos a comer pinhões, depois de partidos com a primeira pedra que viesse à mão. Tenho grandes recordações, brincadeiras de miúda, debaixo da nogueira dos meus avós. A nogueira que acaba por ser um marco no terreno, há a horta que está abaixo e a que está acima da nogueira. Mas não consigo comer nozes, cortam-me a língua (bem como o ananás, as batatas fritas de pacote, os orégãos, o tomate, o fígado… É, sou um bocado sensível!). Passas deve ser o único fruto seco que me obrigo a comer. Nas broínhas – há muitos anos que, lá em casa, as broínhas são feitas com frutos secos porque há quem abomine frutas cristalizadas – e na passagem de ano. Não me considero especialmente supersticiosa ma...

Dia 14 - AUMENTAR

Aumentar: tornar maior, crescer. Há quem diga que duas pessoas são íntimas quando conseguem ir à casa de banho na frente um do outro. Mas intimidade é outra coisa. Intimidade é quando duas pessoas se olham e percebem se estão bem ou não. Intimidade é a pessoa ler nas tuas palavras e nos teus gestos aquilo que tu pensas, saber a tua opinião antes de tu a exprimires porque te conhece como ninguém. Quando atingimos o limite da intimidade? Não sei. Não sei sequer se haverá um limite, porém despir um corpo é fácil, o difícil é confiar uma alma nua. A pessoa com quem tens mais intimidade é aquela a quem te revelas sem máscaras e sem medos, é a pessoa com quem partilhas tudo o que fazes, mas mais, com quem partilhas tudo o que és. Feliz serás quando disseres que não és a pessoa que te conhece melhor. Quando alguém te conhecer melhor do que tu próprio, pois se calhar, chegaste ao auge da intimidade. E, melhor ainda, se essa pessoa se mantiver apesar de todas as fraquezas que te conhece, d...

Dia 13 - ELETRIZAR

Eletrizar : entusiasmar. Sou daquelas pessoas em quem os fatores exteriores têm imensa influência. Não sou uma pessoa otimista por natureza, pelo que tudo o que se passa à minha volta mexe com o meu humor. Detesto que me acordem, mas adoro dormir com a persiana aberta para ver o sol logo que abra os olhos. Acho que gosto tão pouco do inverno por não ver sol todos os dias, por abrir a janela e o céu estar cinza, por não ter de quase fechar os olhos pela claridade. O sol é, para mim (e suponho que para mais uns quantos), uma fonte de energia incomparável. Até pode estar frio, muito vento, mas desde que esteja sol, tudo o resto se contorna. Houve uma noite em que desfilei num rio sob uma magnifica lua cheia (já vos disse que sou fascinada com a lua cheia? Que converso com ela? Que lhe peço conselhos e lhe peço que tome conta dos meus? É outra das coisas que me dá energia e eu juro que não sou maluca!) e achei que nada podia bater aquilo, que seria o melhor momento da semana, que ...

Dia 12 - ABENÇOAR

Abençoar: tornar feliz, bem-fadar. Os irmãos são bichos estranhos. Fazem parte de nós mas irritam-nos. Entram-nos no armário, no quarto e na vida sem pedir autorização. Lembram-nos que temos responsabilidade sobre eles mas que não mandamos neles, o que significa que se se meterem em alhadas, temos obrigação de os irmos buscar mas não podemos tirar qualquer proveito disso. São as melhores pessoas para fazer apostas porque os conhecemos suficientemente bem para contornar o resultado e ganhar sempre. Em certas idades, conseguimos deles o que queremos, noutras somos amargamente chantageados por eles. Podem ser os maiores cúmplices ou os maiores bufos. Podem arcar com as nossas culpas ou arranjarem maneira de levarmos no lombo por algo que foram eles que fizeram. Comem-nos as bolachas e as gomas que eram para dividir. Acabam com o papel higiénico e não repõem com um novo rolo. Têm sempre um balde de pipocas pronto a comer para quando se der o caso de nos espalharmos ao comprido, quer s...

Dia 11 - SUSPIRAR

  Suspirar: lamentar, ter saudades de. Tenho saudades de estudar, não dos meus tempos de estudante (quer dizer, disso também mas não é a isso que me refiro). Saudades das mil fotocópias, da odisseia dos sublinhadores, das horas na biblioteca. Parece estúpido, eu sei, mas a verdade é que foi o que fiz nos últimos quinze anos da minha vida e não sabia o que era viver sem isso. Queixei-me muitas vezes e o mais provável é que, se voltasse, tornasse a queixar-me. Todavia, sinto falta  de ter alguém preocupado em ensinar-me alguma coisa (ainda que no momento pensasse que aquilo nunca me serviria para nada), de procurar nos livros complementos a tudo o que já ouvi, de pintalgar os meus apontamentos, de fazer resumos e no fim achar sempre que continuo a saber o mesmo (ainda que nunca fosse bem assim). Continuo a ler, é verdade, mas é diferente. Ainda que leia sobre temas que importam, que me interessam, que me sejam úteis e que isso possa ser considerado estudo, não há a pressão ...

Dia 10 - ILUMINAR

Iluminar : acender, esclarecer. Sou do tempo do MSN (e creio que grande parte de vós também), aquela altura em que podíamos mandar toques e o ecrã da outra pessoa tremia, quando escolhíamos bonecos que ocupavam todo o ecrã da outra pessoa… Gostava daquele com ar de rufia que comia pastilha elástica, fazia um balão e ele rebentava, “sujando” o ecrã da outra pessoa. Parvoíces, agora que penso, mas passava horas naquilo. Lembro-me de a minha mãe praguejar: mas ainda agora vieste da escola, o que raio tens tanto que falar com a Filipa? E os nicknames ? E aquelas frases que usávamos como uma espécie de descrição? Tinha um amigo que durante muito tempo usou a seguinte “Para quê comprar roupas de marca se o melhor da vida se faz nu?”, era um rebelde! Depois, para além do MSN, tínhamos o Hi5 e as eternas discussões sobre o top5, ou seja, os amigos que escolhíamos para estarem no nosso top. Quando aquilo não era recíproco, “Deus me livre!”. A par disto tudo havia os e-mails e as mensagens ...

Dia 9 - REGRESSAR

Regressar: voltar, tornar ao ponto de partida. Gosto de coisas quentes. Um leite com chocolate numa noite de estudo, uma tarde de praia, aquele casaco das manhãs geladas, as mãos que aquecem as minhas, o ar do secador de cabelo, um luar de verão, chá de maçã e canela, a sopa do jantar de domingo, o chouriço assado dos raides noturnos, o crepitar da fogueira nas noites de cantoria, o cachecol branco que a minha avó tricotou e a minha casa. A minha casa no sentido literal e figurado. Às vezes a minha casa é só um abraço, aquele abraço por que esperamos a semana toda, aquele abraço que quer o melhor para nós, aquele abraço confortante e quente, sempre tão quente. Outras vezes a minha casa é uma gargalhada, estridente e espontânea como eu gosto, daquelas gargalhadas contagiantes que fazem rir todos os que estão à volta, quando isso acontece é sempre missão cumprida. Não raras vezes, a minha casa não é mais que uma troca de olhares, daquelas em que se diz quase tudo, com aquelas pessoa...

Dia 8 - APREENDER

Apreender :  alcançar com inteligência, compreender. Cá em casa nunca houve o hábito de ler histórias à noite, pelo menos que me recorde. Tenho apenas pequenos flashes de um livrinho pequeno, “Cinderela”, eu é que contava a história, com as palavras tal e qual estavam escritas, até sabia qual o momento de virar a página. Ora isto, há-de ter vindo do facto de alguém mo ler muitas vezes, visto que eu ainda não sabia fazê-lo. Mas não tenho memórias de nos sentarmos na cama a ler uma história. E acho que isso não tem nenhum motivo especial, simplesmente não acontecia. Porém, os livros sempre tiveram um papel importante na minha vida. Era uma alegria sempre que chegava a casa um novo livro da “Anita” (agora “Martine”), juntava o entusiasmo de um novo livro, com a minha mania das coleções. A “Rua Sésamo” também entrava nesta brincadeira e creio que era a criança para quem era mais fácil comprar presentes, um livro era sempre uma escolha certeira. Ainda é! Costumo dizer que se foss...

Dia 7 - ACOMPANHAR

Acompanhar:  seguir a mesma direção que outro. Acho que sempre fui uma pessoa sociável, tenho alguma facilidade em conhecer pessoas  apesar de sempre ter sido envergonhada. Acho que a idade me foi dando defesas para combater essa timidez, o riso fácil ajuda na criação da empatia e ela é o primeiro passo para estabelecer uma relação. Não me tenho dado mal. Demoro a dar confiança às pessoas mas quando estabeleço uma relação com elas, ninguém me tem pela metade. Sou uma pessoa de pessoas, estou sempre a dizer, sou mesmo. Se mudo de escola, de grupo, de cidade, aquilo que me prende são as pessoas, o que me faz sentir saudades são as pessoas e o que me vai (re)alimentando são as novas pessoas. Não sou a melhor pessoa do mundo para trabalhar em equipa, reconheço que a exigência que ponho em mim e nos outros está muitas vezes acima da média e quando as coisas me fogem do controlo fico desorientada e muitas vezes insuportável, mas não saberia viver sozinha no mundo. Não seria c...

Dia 6 - PONDERAR

Ponderar:  apreciar com madureza, considerar, meditar. O banho é uma rotina para todos (esperemos!) desde sempre. Umas vezes rápido, outras vezes demorado, umas vezes duche, outras vezes de banheira, umas vezes de água quente, outras de água fria. Quase podemos dividir a nossa vida em fases pelos diferentes banhos que fomos tomando. Primeiro numa banheira pequena e acompanhados pelos pais. Depois passámos para a banheira dos grandes, muitos de nós  enfrentaram o medo terrível do chuveiro. A vitória de tomarmos banho sozinhos. O à vontade para cantar no duche. A capacidade de descobrirmos como o nosso corpo vai mudando. Na adolescência, o duche é o melhor sítio para chorar. Mas transversal e invariavelmente, o duche é o melhor sítio para pensar e creio que não fosse isso e a maioria das pessoas demoraria metade do tempo que demora. Já tive discussões imaginárias, já engendrei respostas que devia ter dado e não dei, já “escrevi” a letra de uma música (difícil foi lembrar-...

Dia 5 - IR

Ir: encaminhar-se, mover-se, andar. Acho que nunca conheci ninguém que tivesse tanto medo da morte como eu. Ao ponto de ter passado uma fase em que não era capaz de usar o verbo morrer, nem suportava que falassem de cemitérios à minha beira. Aos poucos fui começando a lidar menos mal com este lado mundano da morte. Mas o medo, esse, permanece.  E nem sei bem do que tenho medo. Acho que não é do que acontece depois, raramente penso nisso. Uma vez encontrei uma frase de José Saramago que dizia “O mundo é tão bonito e eu tenho tanta pena de morrer.”, acho desde então que é uma frase que se adequa na perfeição à minha postura. Sou uma apaixonada incurável, apaixono-me pelos projetos em que acredito, por pessoas felizes, por sorrisos gratos, apaixono-me por paisagens, por gestos. E acho que é esta paixão desmesurada pela vida que me faz temer tanto a morte. Sei que é um ciclo, que vai acontecer. Mas o meu lado emocional ganha sempre ao racional. Claro que me custa pensar na morte...

Dia 4 - ACRESCENTAR

Acrescentar: adicionar, aumentar, enriquecer. Ainda não comi as bolachas. Estou a tentar que durem tanto tempo quanto possível. Sou uma colecionadora de “tralha”. Acumulo bilhetes de concertos, t-shirts que nunca mais vou usar, postais, pedras, conchas, flores, óculos, cartas, porta-chaves, qualquer coisa que me lembre alguma coisa. Na verdade, até tenho coisas que já nem lembro por que guardo, mas sei que se guardei tive um bom motivo, e por isso mantenho. Tenho uma gaveta atulhada, é a gaveta das recordações. Entretanto tenho uma caixa só com memórias da viagem à Alemanha, umas quantas caixas espalhadas com recordações escutistas, um monte de revistas do meu secundário, uma capinha com coisas do estágio e mil dossiers com documentos para os quais nunca mais vou olhar, mas que não mando fora “para o caso de um dia precisar”. Tenho todos os meus livros e cadernos desde que entrei para a primária, os cadernos da catequese e os diários que nunca escrevi (escrevia uma ou duas páginas...

Dia 3 - CUIDAR

Cuidar: tratar de, interessar-se por. Sempre achei que não seria a pessoa indicada para cuidar de velhos (não acho que “velho” seja ofensivo e “idoso” elegante), e por isso sempre admirei quem o faz com gosto e cuidado. Confesso, por muito feio que isto pareça, que nunca me imaginei a mudar fraldas ou a dar comida à boca mesmo que dos meus se tratasse. Há cerca de um ano a minha postura mudou. Percebi que o amor que sentimos pelas pessoas se sobrepõe a todos os nossos receios ou reticências. Desde então que sou visita assídua no lar, desde então que me culpo quando não posso ir, desde então que deixei de lamentar as faculdades que ela perdeu e aprendi a valorizar cada melhora que apresenta, os abraços lúcidos que me dá quando chego, a preocupação de me desejar boa viagem ou de rezar para que eu tenha um bom emprego. É por isso que não me doem os braços quando tenho quase de carregá-la até ao carro para a levar ao médico. Mudou-me quando era miúda, cuidava de mim e ia enriquecend...

Dia 2 - TOLERAR

Tolerar: consentir, permitir, deixar passar. Já largaste o copo? Isso significa que deixaste de pensar nos dissabores que te atormentavam. Mas esquecer não é perdoar. Sofro de um problema grave e escuro que me persegue há anos, chama-se lista negra. Não é algo que eu cultive, que faça questão de manter ou que tenha algum dia tido ideia de criar, mas é algo que me acompanha e que eu acho que é quase inato. Conheço poucas pessoas que tenham estado na minha lista negra e algum dia tenham saído de lá, aliás, agora que penso nisso, conheço apenas uma. Saiu e passados poucos meses voltou. Não sou de grandes rancores nem vinganças mas também não sou de perdões fáceis. Reconheço quando erro e sei que se todos fossem como eu, estaria na lista negra de umas quantas pessoas. Quanto à minha, não sei como apagá-la. Não sei como voltar a ver do mesmo jeito alguém que para mim não é a mesma pessoa. Todos nós, inevitavelmente, criamos uma imagem de cada pessoa que conhecemos, uma imagem que est...

Dia 1 - COMEÇAR

Começar: principiar, encetar. 1 de dezembro, o primeiro dia do último mês do ano, 24 dias até ao natal. Toda a gente conhece os célebres calendários do advento, verdade? Aposto que os vossos preferidos são aqueles que têm janelinhas com chocolates. Aposto também que nunca os cumpriram, que comeram os chocolates antes do tempo, que o vosso irmão vos roubou um ou dois… Numa das minhas passagens habituais pelo blog A Mãe é que Sabe , decidi fazer o meu próprio calendário de advento. Hoje, agora, aqui está ele a começar. Natal é tempo de felicidade, de partilha, de alegria e de todos aqueles clichês que já sabemos de cor. Tenho alguma dificuldade em sentir-me diferente no Natal, dificuldade em ver aquela noite como a reunião da família. Percebo que isto seja incrível para aquelas pessoas que têm 20 primos com quem se reúnem em casa dos avós onde vão meia dúzia de vezes ao ano mas para mim que vivo ao lado dos meus avós, que tenho uma família pequenina com quem partilho refeições qua...

Tesoura afiada com capa de veludo

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(ou se quisermos, "Lobo disfarçado de cordeiro") Quando cheguei, o quarto não era meu. O candeeiro frouxo em cima da secretária de metal tornava o espaço frio e alheio. Não me demorei a olhá-lo, ter reparado na moeda caída aos pés da cama foi uma sorte. Saí e percorri o resto do corredor, ao fundo a cozinha. Antiga, com azulejos que parecem de coleção e os tachos pendurados na chaminé, evocava os palacetes dos filmes. Só faltava a Aurora, de avental e touca na cabeça. Ah! e aquele vidro rachado também destoa. Cada divisão da casa parecia ter sido tirada de uma época diferente. Concluí isto depois de entrar na casa de banho, decorada em bordeux e preto. Louças modernas e novas, um tapete felpudo, uma banheira grande e frascos de espumas de banho e óleos de massagens no parapeito da janela.  O vidro fosco não me deixava ver muito, por isso abri a janela e percebi que a divisão que se encontrava imediatamente à direita da casa de banho tinha uma varanda. Saí ...

Dizem que avós são pais duas vezes...

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Quando somos miúdos, sonhamos  um dia pintar sem sair do risco. O que não sabemos é que quando isso acontece, já não temos idade para pintar. Benditas Mandalas! Há coisas em que pensamos a propósito de quase nada, esta é uma delas. Há uns dias, estava eu a fazer um scroll no feed do facebook  quando me deparo com uma foto, entre muitas. Mas esta prendeu a minha atenção. Uma rapariga que conheço desde sempre, pouco mais velha que eu, que só não é mais minha amiga porque o tempo determinou que seguíssemos rumos diferentes, mas com ela partilhei a minha infância, os bancos da escola primária, as brincadeiras no recreio... Na foto estava ela, acompanhada da avó (que é praticamente minha vizinha), estava a dar-lhe os parabéns e a declarar que era uma das mulheres da sua vida pois foi ela que a criou. E de repente fez-se um click  na minha cabeça e percebi que quando eu entrei para a escola, o raro eram as crianças que tinham andado num infantário, numa ...

Nunca fui boa cozinheira...

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Nem todos os bolos saem bem... Deste-me dois copos de ilusão e eu bebi. Bebi rápida e convictamente, achando que dali viria a fonte da felicidade. Chegaste com uma colher de sopa de sonhos, bem cheia e eu partilhei-a contigo, não a quis só para mim. Em troca destes ingredientes dissimulados, dei-te dois quilos de segredos, onde misturei uma pitada de mistério.  No dia seguinte, apressaste-te a trazer-me renovação de stock . Mais frascos de sorrisos (que ainda não sei se eram reais), pacotes e pacotes de promessas, as palavras certas embrulhadas em papel aderente para não correres o risco de se conspurcarem na tua mente e quantas mais coisas vãs. Levaste sempre de mim uma dose cheia, eu por inteiro, resmas e resmas de sinceridade (mesmo quando ela não tinha o melhor aspeto) e até o meu mau feitio eu moderei e apenas to dei q.b. Parecia tudo certo, mas sabes o que faltou? A outra metade de ti. "Para dançar o tango são precisos dois", que é como quem diz que p...

só me falta gostar de sardinha!

Dou por mim a armar-me em mestre da culinária, percebo que gosto mais de cebola do que achei que fosse possível e até já compro pimentos para colocar na comida... O cheiro... Os cheiros, sempre os cheiros... Foi o cheiro a pimento que me levou a outros tempos, a outros espaços... Estava a cortar pimentos às tiras e quando virei a cara, o cheiro levou-me aos almoços no mato num dia de praia em família. Em família e com mais uns quantos, não sabemos ser só nós, vem sempre mais alguém.  No tempo das vacas gordas, saiamos cedo de casa para não apanhar trânsito e aproveitar a praia. Até lá chegar havia um moroso caminho. A primeira paragem era numa pastelaria qualquer, normalmente sempre a mesma, tomava-se o pequeno almoço e comprava-se pão para o almoço. Às vezes pergunto-me se é só na minha família que se come toneladas de pão. Siga caminho. A paragem seguinte era no mercado. O objetivo? Comprar peixe para grelhar ao almoço e pimentos. Nunca lhes achei piada, mas ontem... Ontem e...