(12) Amor em Conserva
Sentei-me no sofá. Uma, duas, três colheres de iogurte de pêssego. Já não estou ali. Fui transportada para o dia em que conheci este sabor. Estava sentada no murete da praia. E tu estavas comigo. Foste tu que mo ofereceste. Era o sabor do teu Verão, dizias. E, naquele momento, soube-me a ginjas . Estava um calor abrasador e aquele iogurte, tirado da tua malinha térmica, com que tantas vezes gozei, foi um oásis. Nunca mais pensei em tal coisa. Outro dia, andava eu, como sempre apressada, no supermercado quando os meus olhos se fixaram num sítio muito específico da vitrine dos iogurtes. O sabor a pêssego instalou-se de forma imediata na minha língua. Não consegui não pegar numa embalagem e trazê-la. Desde esse dia que me lembro de ti de cada vez que o meu serão sabe a pêssego. Penso em ti em todas as manhãs em que a minha mala leva um iogurte e uma colher. E sou obrigada a continuar a recordar-me de ti, porque já não compro outros iogurtes. Durante este Verão, que dista uns a...