Emaranhada entre uma baralho de cartas e capuccino quente, vou atirando para cima da mesa, num gesto meramente mecânico, as cartas que me parecem mais indicadas (ou talvez, somente, as que estão mais à mão no momento) - sim, porque mecânicamente ninguém pensa nem consegue tomar decisões decentemente, mesmo que se resuma a um simples jogo de cartas.

Navego, não sei bem por onde, vou divagando (para ser mais precisa). Sem tomar nenhuma decisão concreta, penso sobre variados assuntos e vou tomando a minha posição em relação a cada um (um dia, pode ser preciso ter uma conversa séria com alguém sobre algum deles e convém que tenha a minha opinião. Que parvoíce! Que estou eu a dizer? Tomo a minha posição porque é inevitável e porque eu sou assim mesmo.). Sinto-me, por instantes, oca. Dentro da minha cabeça circulam apenas pequenas palavras que conversam umas com as outras, enquanto o exterior se move a um ritmo bastante mais lento e emite sons indecifráveis (o que não me incomóda minimamente). Durante pequenas fracções de segundos (que me pareceram eternidades), viajo no tempo, revejo muitas das coisas que vivi... Páro, olho em torno, observo, expiro, apercebo-me, por fim, de como tudo mudou! Mundos distintos (interligados, no entanto) que nos fizeram cruzar caminhos e traçar objectivos. Se me esforçar um pedacinho por relembrar caras e nomes vejo que muitos deles partiram, uns por caminhos diferentes e outros ficaram pelo caminho. É estranho! Espanta-me a magia da vida! Nada é fácil, é certo! O dificil é tão saboroso depois de alcançado! Quando tudo parece estar perdido, cada um de nós, tem o poder de buscar, nos confins de si, a força divina que lhe permite permanecer de pé e não deixar as pernas fraquejarem!

Comentários

Ana marques disse…
Está lindo !
É incrível como tu consegues escrever tão bem !
Anónimo disse…
Tens um dom que realmente me deixa de boca aberta. A tua agilidade em conjugar palavras até originar frases perfeiitas, é .. [sem definição].
Continua assim (: