Rasgão, golpe... Chama-lhe o que quiseres!

       Escrevi a minha vida num livro. Não queria publicá-lo, queria apenas prevenir-me, não fosse a memória atraiçoar-me! Nunca precisei de ir reler nada, as coisas, as pessoas, os locais, os momentos e os sentimentos que mereciam estar lá escritos, estavam bem presentes no meu ser. No entanto, aquele livro era o meu tesouro, página por página, manuscrito, chorado, gargalhado mas, sobretudo, sentido.
       Dediquei várias páginas à tua pessoa, ao teu ser, à tua importância, à nossa história, àquilo que fomos (de bom e de mau), a NÓS! Tu, pelos vistos, nunca soubeste, nem sequer sonhaste.
       Voltaste mais tarde, já tinha cruzado vários capítulos, para rasgar aquilo que já antes borrataras. Fizeste questão de destruir parte do meu passado, de deixar vazio aquele tempo que a ti, e só a ti, dediquei. E, por esse feito, eu não te perdoo. Desculpo todas as discussões que provocaste, desculpo todos os filmes, todas as tretas, desculpo os abusos mas não desculpo que me tenhas roubado parte do meu passado, que o tenhas destruído. Perdoo, ainda, que tenhas proibido o nosso futuro mas não desculpo que tenhas morto tudo o que foste para mim, não desculpo que me tenhas feito gostar tanto de ti quando nunca acreditaste que o sentisse realmente.

       O amor não se apregoa, sente-se, mostra-se e cuida-se. Dizes que me amaste? Pois para mim não passam de ditos.

Comentários

Mariana Simões disse…
mesmo.. mas não devia ser nada assim :c