like a fairytale (or not)


Nos contos de fadas, acaba sempre tudo bem! Os bons ficam com os bons e os maus são sempre punidos. Ninguém gosta que as semelhanças com a realidade sejam diminutas, digamos inexistentes. Ninguém gosta, mas toda a gente sabe. Agora, destes, dos que sabem, há os que vêem e os que não querem ver, os que acreditam na veracidade disto e os que preferem continuar a acreditar na possibilidade da existência de asas semi-transparentes, com purpurinas prateadas e que conferem aos sonhos aquele toque de fada.





Eu já não acredito que um dia montes um cavalo branco ou me cantes uma serenata ao luar, eu sei que nunca vai acontecer, mas teimo em dizer ao meu chato coração que ainda é possível, que (mais tarde ou mais cedo) tu vais ver que eu sou mais que a irmã que nunca tiveste, que sou mais que a sombra pouco nítida do teu apego ao mundo. Sabes? Ainda lhe digo que um dia se vai juntar ao teu, digo-lhe que, eu e tu, vamos partilhar a mesma cama, trocar beijos de bom dia e beijos de pôr-do-sol. Sabes? Ainda continuo a elogiar o castanho-infinito dos teus olhos, a preguiça da tua barba por fazer e as calças desleixadas, menos descaídas que a maioria dos tolos que aí andam.
Há muito tempo que eu não pensava no amor que te tenho, ao ponto de nem me aperceber do espaço que ele ainda ocupa no meu peito. O meu pulsar ainda se exalta com a tua presença e acho que até o meu sangue explode com mais agressividade nas artérias e isso aflige-me. Preocupa-me a força impressa nas amarras que ainda unem os nossos corações. E dói (sim, ainda dói), dói que dê tudo errado, dói que simplesmente não dê. E dói que doa. Dói que demore. Dói que não termine. Ai! É alucinante a dor da saudade.

Tenho de parar de mentir ao órgão que me mantém viva, não é? Nem que seja pelo bem da minha sanidade mental.

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