amor a bordo

Neuss, 4 de Setembro de 2014

Querida Coimbra,

Tenho-te longe e tenho sentido a tua falta. Por estas bandas as coisas são diferentes. Não nego que tenho sido feliz por cá mas preciso de ti.

Para mim, a Alemanha é o país das bicicletas (ainda que só conheça este pedacinho quase mais pequeno que tu). A toda a hora, em todo o lado se vê alguém de bicicleta. Não penses que são profissionais ou obsessivos com o desporto, usam-na pela sua utilidade. Podes vê-los de fato e gravata com a mala no cesto da bicicleta, a caminho do trabalho. Há pistas e estacionamentos em todo o lado. Esta gente sabe o que faz!

Esta cidade tem um cheiro característico, dizem que é a papel. Não ao papel novo de livros por abrir, antes a papel durante o seu fabrico, há por aqui uma fábrica. 

Há muitos portugueses em Neuss. É agradável ouvir gente a falar português. Ir a um café da nossa gente ou simplesmente ir pela rua e perceber o que quem está ali ao lado diz. Sabes o que esta semana me deu? Vontade de aprender línguas. Estou cheia de vontade de arranjar um correspondente inglês para não me esquecer de como é comunicar nesse idioma. E quero aprender alemão e espanhol e italiano e russo e francês. Não quero mais estar perdida nas palavras. Sinto-me com uma corda no pescoço sempre que quero falar e não sei ou sempre que alguém fala comigo e não percebo o que dizem. Eu que sempre me dei bem com as palavras...

E, por falar em palavras, já sentia falta de falar contigo, de escrever para ti. Tinha saudades da certeza que és para mim. Hoje ouvi a tua música. A música dos teus maiores admiradores, os estudantes. E tive a certeza que és o meu lugar, a minha casa, o meu coração. És do mundo e eu tenho muito orgulho nisso. Mas és mais minha e é disso que eu gosto. Gosto de saber que vá onde for, tu estás sempre à minha espera de sol alto e Mondego cheio.

Volto em breve.

Sempre tua,

Catarina Martins