ângulo raso
O Bruno é o meu amigo de sempre. Costumava descer a rua e sentar-se no degrau de minha casa, à espera que eu saísse para irmos para a escola. Nunca tocou à campainha. Pelo caminho falávamos do jogo de futebol do dia anterior. Ele sempre pelo desporto, eu sempre pelo Benfica. Talvez tenhamos falado, uma ou duas vezes, dos nossos sonhos, mas éramos dois miúdos e vivíamos no agora. O Bruno era a única pessoa a quem eu confiava os meus legos e o Eusébio, o peixe vermelho que tive durante anos e de quem o Bruno tomava conta sempre que eu ia de férias para a serra, para casa dos meus avós. Daquelas zangas mais sérias, acho que só tivemos uma. O Bruno andava embeiçado pela Joana, aquela manienta do 7ºC e passava mais tempo a rondá-la do que a qualquer outra coisa. Ficou muito zangado comigo quando lhe chamei de parvo porque a miúda não lhe ligava nenhuma e ele andava a fazer figura disso mesmo, de parvo. Metemo-nos em muitas trapalhadas juntos, como quando, na noite d...