já lá vai

- Um capuccino com natas, por favor!

O dia está frio mas o sol continua a espreitar por entre as árvores. A esplanada no meio da cidade, sempre cheia de gente, parece hoje mais doce, mais silenciosa, mais minha! Envergo os meus óculos de sol e o meu cachecol de lã. Estou confortável, sentada numa daquela típicas cadeiras de metal, que normalmente me dão cabo das costas, a beber o meu capuccino quente. E penso... Começo a pensar... Lembro-me de cheiros que associo a momentos que, por sua vez, associo a pessoas, a lugares, a histórias e a sentimentos. Faço uma breve retrospectiva daquilo que têm sido os meus últimos meses e constato que muita coisa mudou. Já uso saltos altos e até ousei comprar uma saia (coisa impensável noutros tempos), mas não é disso que falo. Penso na forma como me encaro hoje, na forma como me refiro a mim própria e, mais, na postura que tenho perante os outros e perante a vida. As coisas mudaram! Percebi que só serei vítima, se fizer de mim vítima. Certifiquei-me de que a idade das pessoas não se avalia pela sua data de nascimento mas, sim, pela forma como olham a vida, como enfrentam as dificuldades e pelo respeito com que tratam os outros. Esforcei-me por ser fiél a tudo mas, sobretudo, a mim própria, àquilo que eu sou e aos objectivos que pretendo cumprir. Fiz de mim uma miúda com cabeça, tronco e membros. E mesmo que haja dias em que ande aos papéis, não sou mais aquela menininha que teimava em chorar sempre que a vida lhe dava um pontapé.

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