carta #2


Minha querida C.

Cá estou eu de novo e, hoje, mais divagante que nunca...
Talvez sejam poucas as coisas que fazem realmente sentido, para nós. Talvez esteja na altura de começar a acreditar que a maior parte das pessoas que me rodeiam são conhecidos. Talvez esteja na altura de dar ouvidos às pessoas que dizem que, durante a vida, os amigos são poucos. Talvez tudo isto conectado me levasse a bom porto. Talvez, talvez... É uma palavra fácil de dizer quando queremos dizer que sim mas achamos que devemos dizer não, ou vice-versa.
Não, isto não tem muito a ver contigo, connosco. Dizendo melhor, não é nada direccionado a ti, apesar de bater certinho. Apenas senti necessidade de te fazer algumas confidências, como antigamente, lembras-te?
Como era bom... Mesmo que tivesse uma série de dias, chegaram a ser semanas e, uma ou outra vez, meses, mas quando estávamos juntas, desbobinávamos tudo! Era impressionante a forma como confiávamos uma na outra e como o tempo tornava tudo cada vez mais inalterável. 
Bem, mas não foi para isto que decidi escrever-te hoje, não foi para falar de nós que peguei na caneta...
O que estava a tentar dizer é que muitas vezes me sinto sozinha. Até certa altura da minha vida, sempre me habituei a dar-me bem com toda a gente, sempre soube que não perdia nada em ser simpática com as pessoas, sempre achei que se não tinha nada contra as pessoas, elas não teriam nada contra mim e, por isso, estaria sempre tudo bem. Ingenuidade de criança, só e apenas! A verdade é que a realidade não é nada assim, disto tem muito pouco. Somos sempre sete cães a um osso e isto acontece nas mais variadas facetas da vida. Hoje em dia (talvez sempre tenha sido assim), as pessoas pisam-se umas às outras por caprichos. Hoje lia uma frase que dizia qualquer coisa do tipo "Gastamos dinheiro que não temos, em coisas que não precisamos, para impressionar pessoas de quem não gostamos!" e, reflectindo, acho que tudo isto faz um imenso sentido. Vivemos numa sociedade cada vez mais materialista, fútil mesmo. E cada vez é mais ordinário o verbo gostar! Choca-me, a sério... Mas, enfim, é o que temos!

Por hoje, acho que é tudo. Só precisava de desabafar um pouco (CONTIGO).




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