carta



Minha Querida C.

Nem sei por que ainda te escrevo, porque é que ainda me dou ao trabalho de te dar importância a este ponto. Talvez seja tempo perdido, caracteres desperdiçados pois o mais provável é que, quando vires o meu nome no envelope, nem o abras. Pouco importa, desde que eu fique com a consciência de que o fiz, mais uma vez.
"Quem ama, perdoa!", isto é o que as pessoas gostam de dizer. Sabes que mais? Isso, para mim, não faz sentido. Eu gosto imenso de ti, se te amo? Excelente pergunta mas não sei responder. Também os sentimentos são erodidos pelo tempo vazio que, tantas vezes, se instala. Aquilo que sentimos pelas pessoas dilui-se nas escolhas dessas pessoas e tu não foste excepção. Aquele amor desmesurado que nos unia, ou que me unia a ti, dissolveu-se na brisa soprada pelas tuas decisões. Mas eu continuo a gostar muito de ti, só não consigo perdoar-te. Não é que não queira, mas não consigo. Pois o perdão exige reparação e eu ainda não te vi mexer uma só palha para (re)colocar as coisas no sítio. Muito pelo contrário, só te vejo pôr lenha na fogueira.
E, por hoje, chega! Que não quero repetir-me e não consigo dizer-te muito mais.

Até um dia destes, o dia em que eu voltar a sentir necessidade de escrever para ti.

Comentários

Jú S disse…
Foi renhido! Mas parabéns sendo assim :) tenho a certeza que vais fazer um bom trabalho!
Quanto a esta carta, há pessoas que não merecem nada de nós, mesmo que nos custe aceitar isso.