Até um dia...


É estranho escrever sobre o que sinto quando não quero sentir e, ainda menos, perceber o que sinto. É como que uma saudade estranha, que se difunde no ar e que somos capazes de sentir na nossa respiração. É uma constante vontade de partir conjugada com o permanente desejo de ficar. Não ficar para sempre, nem ficar fisicamente. Mas ficar. 
O pior que pode acontecer-nos é não sermos lembrados, sobretudo nos sítios e nas pessoas que lembramos. É corrosivo o medo de não marcar, de não ser importante, de passar indiferente à vida e às vidas que estão connosco. E, no fundo, acho que é disso que eu tenho medo, medo que a teia que nos une parta. Eu sei que não vai partir totalmente, há fios que hão-de manter-se com o mesmo vigor e força mas há outros que já se dissolveram no tempo ou na falta dele e nos sentimentos ou na falta deles.
Tudo aquilo que existe deve ser alimentado, desde a mais minúscula bactéria ao imenso oceano. Também as relações o devem ser, ainda mais em alturas de clivagem, alturas em que as fracturas começam a acentuar-se e, mais tarde ou mais cedo, serão sinal de completa quebra.
Hoje foi um dia magnífico, daqueles em que estive realmente radiante, em que pude dar valor àquilo que sou e faço (e só eu sei o quão raro isso é). Porém, ao mesmo tempo, foi o último dos dias, foi o dia do misto de sensações. O dia de ir sem que o voltar fosse, de modo algum, permanente.

E assim me vou, e assim vos deixo... Com um conselho apenas: façam questão de ser presença, seja onde for, e não se contentem com o facto de, simplesmente, marcarem presença.

Comentários

Lia disse…
que lindo! <3