40 cartas, uma história
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Olá, eu sou o António. O avô
António. Daqui a uns anos os avôs vão chamar-se Rodrigo ou David e já ninguém
vai ter o avô Zé ou Manel. Esta modernice nos nomes…
Hoje fui ao jardim, vou lá
algumas vezes. Sentei-me numa das mesas, sozinho. Na mesa ao lado dois avôs,
como eu (com certeza nenhum chamado Miguel), a jogar dominó – o famoso jogo dos
reformados. Não gosto muito de jogar mas gosto de observar, traz-me memórias. A
minha predilecção sempre foi a sueca (e não, não vou fazer aquela piada fácil
“mas também gosto de francesas e russas”). A
sueca é um jogo de mudos – aprendi eu a entoar sempre que os adversários
menos experientes faziam comentários sobre o jogo. Há algum tempo que deixei de
jogar a sério. Com adversários e parceiros a sério. O meu parceiro partiu faz
algum tempo. Foi também o meu professor. Foi com ele que aprendi qual a carta
mais acertada a jogar, quais os sinais que devia fazer-lhe para que percebesse
as minhas intenções, encobri-o numas quantas batotas… Fui feliz enquanto jogava
sueca com ele.
Depois o tempo passou e ele
foi-se. Nunca foi o avô Roberto que poderia ter sido. Partiu antes. E eu decidi
largar o jogo.
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Beijinhos.