aqui e agora

Estou com uma imensa vontade de escrever mas sempre que me sai uma frase, apago; sempre que penso num tema, não gosto e sempre que penso em largar a caneta, não consigo.
Podia pôr-me aqui a divagar sobre nada mas penso que isso, há muito tempo, perdeu o interesse, apesar de ser aquilo que estou a fazer agora mesmo.

A verdade é que o acto de escrever desde sempre existiu na sua vida. Pensam vocês «existiu na de todos desde que entramos na escola». Mas não é isso que quero dizer, desde muito pequenina que recorda a ansia de saber escrever, a vontade de aprender letras para depois poder ser ela a desenhá-las e para poder perceber as que os outros faziam.
Porém, nada disto despertou nunca a sua atenção, era só uma menina bem comportada, que gostava de ler e de aprender.
Com o passar do tempo e o florescer da adolescência, apareceram as grandes emoções. Começaram a ser-lhe familiares os dias em que a vontade de chorar era imensa mesmo que sem razão aparente. Chegou o momento em que cada gargalhada soava mais alto que a anterior e que só assim se superavam todas as dificuldades. Chegou a hora das grandes paixões e aí sim, aí começou a escrita. Primeiro porque sim, depois para desabafar e depois porque era aquilo que adorava fazer. Era assim que dispensava ódios, superava saudades, aprendia a apaixonar-se pela vida, por si mesma e pelos outros, se bem que sempre o fora.
Começou então a acreditar que era possível, começou a ver mais e mais perto aquele que não tinha sido desde sempre o sonho mas que tinha sido construído ao longo dos tempos.
Desde então que dá por si, mantendo as suas leituras, mas desta vez a prestar mais atenção a tudo. Olha sempre para a contracapa e quando tem a fotografia do autor deseja profundamente que um dia aquela seja a sua fotografia. Não para que a sua cara seja famosa entre as gentes mas sim para ter a sensação de missão quase cumprida (é uma permanente insatisfeita). Adorava que uma pessoa, uma que fosse, passeasse nos corredores de uma livraria ou de uma biblioteca, pegasse no seu livro e o folheasse. E no final dissesse «Belo livro, belo trabalho!».
E esta menina sou eu.

Comentários

Ana Marques disse…
Esta menina és tu , e cada vez impressionas mais com a tua escrita (:
Adorei Catarina :')