Poder da expressão
(em resposta a http://guarnecer.blogspot.pt/2013/11/saborear.html)
Eu precisava mesmo de saber de que era
feito este nosso NÓS. Mas a tua resposta era tão válida que não tive coragem de
repetir a pergunta. Pus-me a pensar e tu deves ter percebido, vi-te franzir a
testa. Há mil anos que me conheço e sei do que sou feita, mas desde que me
relaciono com pessoas que percebi que nenhuma delas o sabe. Muito poucas
percebem o que me move e raramente encontro alguém que saiba aquilo que penso
ou sinto sem que eu lhes diga. Já disse a muitas que sou feita da matéria dos
sonhos (como defendia Shakespeare), mas acho que isso ainda as deixou mais
baralhadas. Acho que hoje toda a gente é demasiado realista, toda a gente tem
demasiado os pés no chão. Sim, vivemos tempos difíceis, eu também sei isso, mas
não o terão sido todos? E isso é razão para deixarmos de sonhar? De acreditar
nas nossas convicções, naquilo que de melhor vemos no mundo, na vida e nas
pessoas? Isto sou eu a baralhar quem me rodeia, porque ninguém me percebe.
Talvez nunca ninguém me tenha percebido. Mas depois apareceste tu. Que me
conheces num olhar e me desvendas num par de bilhetes. Tu. Que conseguiste que
deixasse a descoberto aquilo que mais preservei durante tanto tempo, porque sei
que não mo vais roubar, nem estragar, nem usá-lo contra mim. Tu. Que me tens
inteira desde sempre sem sequer te aperceberes (ou talvez o tenhas sentido
desde o primeiro instante). Tu. Que sabes tudo de mim, sem quase nada saberes.
Tu. Que me conheces já tão bem. Tu, sempre tu desde o primeiro momento.
Abri um sorriso, olhei-te a alma
através dessas tuas janelas para o mundo e cantei:
O teu mundo está tão perto do meu
E o que digo está tão longe,
Como o mar está do céu. (ouvir)
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