Poder da expressão




Eu precisava mesmo de saber de que era feito este nosso NÓS. Mas a tua resposta era tão válida que não tive coragem de repetir a pergunta. Pus-me a pensar e tu deves ter percebido, vi-te franzir a testa. Há mil anos que me conheço e sei do que sou feita, mas desde que me relaciono com pessoas que percebi que nenhuma delas o sabe. Muito poucas percebem o que me move e raramente encontro alguém que saiba aquilo que penso ou sinto sem que eu lhes diga. Já disse a muitas que sou feita da matéria dos sonhos (como defendia Shakespeare), mas acho que isso ainda as deixou mais baralhadas. Acho que hoje toda a gente é demasiado realista, toda a gente tem demasiado os pés no chão. Sim, vivemos tempos difíceis, eu também sei isso, mas não o terão sido todos? E isso é razão para deixarmos de sonhar? De acreditar nas nossas convicções, naquilo que de melhor vemos no mundo, na vida e nas pessoas? Isto sou eu a baralhar quem me rodeia, porque ninguém me percebe. Talvez nunca ninguém me tenha percebido. Mas depois apareceste tu. Que me conheces num olhar e me desvendas num par de bilhetes. Tu. Que conseguiste que deixasse a descoberto aquilo que mais preservei durante tanto tempo, porque sei que não mo vais roubar, nem estragar, nem usá-lo contra mim. Tu. Que me tens inteira desde sempre sem sequer te aperceberes (ou talvez o tenhas sentido desde o primeiro instante). Tu. Que sabes tudo de mim, sem quase nada saberes. Tu. Que me conheces já tão bem. Tu, sempre tu desde o primeiro momento.

Abri um sorriso, olhei-te a alma através dessas tuas janelas para o mundo e cantei:
O teu mundo está tão perto do meu
E o que digo está tão longe,

Como o mar está do céu. (ouvir)

Comentários