(6) Ver-te a ir


"Amanhã vou buscar-te à hora de sempre. Desces com os sacos do lixo e fazes-me sinal para esperar uns minutos. Quando entras no carro dás-me aquele teu beijo curto, quente e doce."
Foi assim que acabou a nossa “última” noite. Por alguma razão, no dia a seguir não apareceste à hora de sempre e não pude dar-te o tão desejado beijo.
Procurei mil e uma explicações, fiz filmes e criei cenários na minha mente que me levavam sempre a conclusões diferentes. Ainda hoje não percebo o que aconteceu, o que te levou a me abandonares desta forma, deixares-me desamparada, a lidar com todos os problemas do mundo sozinha. Ainda hoje me questiono em que falhei, pergunto-me o porquê de não ser suficiente.
Foram dias de desespero e julguei que nunca seria capaz de superar a tua perda, o teu afastamento, o facto de me teres abandonado. Isto, até ao dia em que te vi com outro alguém que não eu e percebi que na verdade, tudo aquilo que eu julguei que era direccionado a mim, era o espelho do que tu realmente sentias em relação a outra pessoa. Senti-me devastada, minúscula, traída, cansada, e de forma súbita, fiquei sem forças para continuar a procurar uma resposta que tardava tanto a chegar.
Negação… Neguei tanto que julguei estar a sonhar. Perdi-me em tantas tentativas de explicar e decidi aceitar simplesmente…

Tinha-te perdido, para sempre…

por Alexandra Rodrigues
Be my voice, write the end!

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