(8) Nunca me esqueças - o nosso amor é soberano


“Amanhã vou buscar-te à hora de sempre. Desces com os sacos do lixo e fazes-me sinal para esperar uns minutos. Quando entras no carro dás-me aquele teu beijo curto, quente e doce.”

Sinto que todos os momentos têm passado tão rapidamente … o que me torna incapaz de ter tempo para reflectir sobre eles, saboreá-los.
Ela é, sem dúvida, a rapariga mais bonita que já vi!
Estávamos em pleno mês de Maio. Eram três horas da tarde e o sol iluminava o rosto dela em plena avenida, enquanto esperava pelo autocarro sentada na paragem. Tinha um gelado de limão na mão e, quando os nossos olhares se cruzaram, ficamos parados no tempo, olhando-nos, como se não existisse mais nada à nossa volta. Nunca a tinha visto por ali.
De repente, reticente e fascinado, soltei um breve “olá”. Ela sorriu, envergonhada, e voltou o rosto para o chão numa tentativa de arranjar um refúgio qualquer que a desviasse de todo aquele embaraço. Mas, de facto, a única coisa que ela encontrou para se escapar foi um pedaço de gelado sob o seu vestido azul… O que no momento teve muita piada, pelo menos para mim! O nosso primeiro encontro foi assim. Sem nada.
Nos dias seguintes voltei à paragem mas não a consegui ver. No meio de tantas tentativas cheguei a pensar que tudo aquilo era uma fantasia da minha cabeça e não voltaria a encontra-la. Mas, por sorte, nenhuma das minhas tentativas foi infrutífera! - pelo contrário, as coisas correram bem melhor do que esperava.
Duas semanas depois do nosso primeiro encontro, lá estava ela, novamente. Estava a passear pela avenida, olhando para as vitrinas das lojas sumptuosas. Tornei o meu passo mais rápido e num piscar de olhos estava atrás dela, como se pretendesse segui-la. Foram dois segundos até ela se aperceber!… E puff, voltei a fazer uma figura ridícula diante da pessoa que mais queria impressionar.
Ela corou e olhou para mim, docemente. Esboçou um leve sorriso.
- Quem és tu, afinal? Suponho que não nos conhecemos. – perguntou ela, com a sua voz meiga.
- Pedro. E não, não nos conhecemos… quer dizer, eu já te vi, se isso contar...
- Sim, eu sei… há umas semanas atrás. Bem, eu sou a Mónica! – disse ela, embaraçada.
Depois desta pequena introdução, ou lá o que eu lhe queira chamar, a conversa foi fluindo naturalmente. Parecia que nos conhecíamos desde sempre. A maneira como ela se ria, os seus olhos grandes e penetrantes, o cheiro do seu perfume… tudo isso quase me sufocava, por mais que tentasse esconder a minha fraqueza diante dela. Acho que se apercebeu disso, francamente.
Os dias foram passando e fomo-nos tornando inseparáveis. Estávamos sempre juntos, desabafávamos, riamo-nos das nossas parvoíces, … enfim, a melhor parte do meu dia era quando estava com ela, quando sentia o cheiro doce que emanava dos seus cabelos e podia ser eu, verdadeiramente, sem nenhuma máscara que me escondesse ou me tentasse tornar perfeito diante dos seus olhos. Eu não queria isso. Queria encontrar alguém que gostasse de mim pelo que era; alguém que gostasse de mim perfeitamente imperfeito. E por sinal, as coisas estavam bem encaminhadas. Tinha-a encontrado por acaso. Um feliz acaso do destino.
Todos os dias descobríamos coisas novas. Os nossos rires eram genuínos. Encaixávamos lindamente, como peças de um puzzle.
E assim foi durante dias e dias: conversas até de madrugada, sempre atentos às aparições inesperadas do pai dela; passeios pela cidade; viagens de comboio até à praia, só para conversarmos ao sabor daquele ambiente; jogos sem fonteiras;… e, o momento mais incrível e pelo qual ansiei até àquele instante – o nosso primeiro beijo.
Recordo-me perfeitamente, a visão é nítida na minha memória. Foi o melhor momento da minha vida! Estávamos sentados nas escadas de casa dela, entre as petúnias e as árvores antigas que lá existem. Fazia algum frio, pois a noite já tinha caído. Aproximei-me dela, debruçando o meu casaco sobre os seus ombros. O beijo foi inevitável, os nossos corpos eram atraídos por uma energia indescritível.
Naquele momento descobri que tinha encontrado o que muitas pessoas demoram uma vida inteira para achar – A pessoa da minha vida, a “minha metade” (como lhe chamo carinhosamente). Pensei que devia ouvir-lhe o coração através dos dedos, do pulso, de todas as veias que ela tinha debaixo da pele.
Não sei quanto tempo durará, mas a nossa história ainda está apenas nas primeiras páginas do livro colossal que será a nosso futuro ao lado um do outro – disto eu tenho a certeza!

O que aconteceu? Um amor à primeira vista. Um dia que mudou o mundo. Uma história inesquecível.

por Sofia Rocha
Be my voice, write the end!

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