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Sentei-me no sofá. Uma, duas, três colheres de iogurte de pêssego. Já não estou ali. Fui transportada para o dia em que conheci este sabor. Para o dia de verão quente. Algures entre mergulhos e construções de areia em que tu apareceste. Lembro-me bem do teu sorriso de miúdo naquele dia, aquele que ainda tens , o corpo moreno e o cabelo loiro a esvoaçar à medida que corrias. Lembro-me de ti. Falaste comigo entre uma das viagens ao mar, trazias o corpo branco do salitre e eu tremia de frio. Perguntaste-me porque é que estava a ir embora, quando todos os nossos amigos estavam no mar e disseste-me se não queria ir jogar um qualquer jogo contigo, não me lembro qual, tinha-me perdido algures entre os teus olhos verdes. Tínhamos 15 anos e era final do verão, conhecíamo-nos desde o início e entre nós havia qualquer coisa para além da inocência. Nesse dia - como todos os outros fomos aos gelados - fomos todos, era ritual. Mas desta vez nós fomos ficando para trás, acho que o facto de me ...