"No meu tempo..."



Das sensações mais estranhas que experimento: amar com os olhos e não saber traduzir em palavras. Gostava de vos poder transmitir tudo o que vejo daqui, mas sempre que o digo ou escrevo, não se assemelha àquilo que na realidade é.
Vejo as luzes da cidade ao longe, mas é mais que isso; vejo o meu futuro, no meio das luzes de uma cidade que nada terá de igual a esta. Vejo as árvores altas e próximas em frente, mas é mais que isso; vejo as saudades que vou ter da serenidade deste sítio, os lugares que vou ter que deixar. Vejo a minha rua, já aqui, mas esta eu não vou deixar! Trarei sempre comigo o cheiro a Inverno, a terra molhada quando os anjos do céu choram. Levarei as cicatrizes nos joelhos de quando a estrada era revestida a calçada. Recordarei sempre o azul deste céu, que é só dele, e as formas das nuvens que desenhei deitada no terraço de cimento. Não esqueço o balancé de ferro, feito por encomenda, vermelho em tempos, que agora já quase perdeu a cor. Levo tudo, até ao fim, amarrado com uma fita de seda, da cor do meu sorriso, que prenderei com um alfinete no centro do meu coração.

Comentários

Inês Santos disse…
Há coisas que guardarem para sempre! Adorei o texto, mesmo, está incrível!
Inês Santos disse…
Ora essa, Catarina :)
Obrigada, acho que és minha seguidora há algum tempo :)