Dia 10 - ILUMINAR

Iluminar: acender, esclarecer.

Sou do tempo do MSN (e creio que grande parte de vós também), aquela altura em que podíamos mandar toques e o ecrã da outra pessoa tremia, quando escolhíamos bonecos que ocupavam todo o ecrã da outra pessoa… Gostava daquele com ar de rufia que comia pastilha elástica, fazia um balão e ele rebentava, “sujando” o ecrã da outra pessoa. Parvoíces, agora que penso, mas passava horas naquilo. Lembro-me de a minha mãe praguejar: mas ainda agora vieste da escola, o que raio tens tanto que falar com a Filipa? E os nicknames? E aquelas frases que usávamos como uma espécie de descrição? Tinha um amigo que durante muito tempo usou a seguinte “Para quê comprar roupas de marca se o melhor da vida se faz nu?”, era um rebelde! Depois, para além do MSN, tínhamos o Hi5 e as eternas discussões sobre o top5, ou seja, os amigos que escolhíamos para estarem no nosso top. Quando aquilo não era recíproco, “Deus me livre!”. A par disto tudo havia os e-mails e as mensagens correntes, por culpa dos quais havíamos de morrer ou ter muitos anos de azar caso não os reencaminhássemos, santa ignorância. Para além desses eu recebia outros e-mails, normalmente de pessoas mais velhas, professores e assim. E-mails com powerpoint motivacionais ou algo desse género. Um dos que recebi dissecava a palavra acordar.
Nunca até então me passou pela cabeça pensar no assunto, mas nunca mais o esqueci, ainda que na altura pensasse pouco nestas coisas. Então e se ACORDAR, de mãos dadas com o seu significado mais básico, também significar A-COR-DAR, dar cor, percebem? E se acordar para a vida, não for mais do que aprender a colori-la? E se acordar todas as manhãs, significar que temos a obrigação de ter um dia colorido? É uma visão romântica e rebuscada da coisa? Se calhar… Mas eu até gosto.
Gosto de pensar que posso pintar a minha manhã de laranja-alegria, quando abro as persianas e percebo que o céu está cinza-depressão. É bom quando o nosso dia é recheado de amarelo-diversão e passamos tempo com os nossos amigos que não são mais que vermelho-amor. Chegar a casa é sempre pintado de bordeux-aconchego. E uma noite descansada sabe sempre a branco-tranquilidade. Também temos os dias negro-dor ou castanho-raiva, também são cores e também fazem parte do nosso temperamento, mas são as menos importantes quando a missão é ser feliz.

Provavelmente o arco-íris é mais do que um fenómeno natural, se calhar é só um novo carregamento de tintas para quem, naquele dia, se esqueceu de A-COR-DAR. Hoje é dia de pinturas.

Comentários

Laura Ferreira disse…
tenho tantas cores parecidas com as tuas. :)