Dia 8 - APREENDER
Apreender: alcançar
com inteligência, compreender.
Cá
em casa nunca houve o hábito de ler histórias
à noite, pelo menos que me recorde. Tenho apenas pequenos flashes de um
livrinho pequeno, “Cinderela”, eu é que contava a história, com as palavras tal
e qual estavam escritas, até sabia qual o momento de virar a página. Ora isto,
há-de ter vindo do facto de alguém mo ler muitas vezes, visto que eu ainda não
sabia fazê-lo. Mas não tenho memórias de nos sentarmos na cama a ler uma
história. E acho que isso não tem nenhum motivo especial, simplesmente não
acontecia. Porém, os livros sempre tiveram um papel importante na minha vida.
Era uma alegria sempre que chegava a casa um novo livro da “Anita” (agora “Martine”), juntava o entusiasmo de um novo
livro, com a minha mania das coleções. A “Rua Sésamo” também entrava
nesta brincadeira e creio que era a criança para quem era mais fácil comprar
presentes, um livro era sempre uma escolha certeira. Ainda é!
Costumo
dizer que se fosse rica, grande parte do meu dinheiro seria gasto em livros e
em viagens que, no fundo, são a mesma coisa. O que é ler um livro se não
viajar? Quem nunca acrescentou novos mundos ao mundo com
a leitura de um bom livro? Quando for grande vou ter uma biblioteca em casa,
daquelas onde qualquer pessoa se perde a ler lombadas.
Escrever
deve ter aparecido na evolução natural disto mesmo e a vontade utópica de
publicar um livro que valha a pena ler fará também parte desse ciclo. Sei que a
minha escrita não o permite, teria de ter um pensamento suficientemente
organizado e maduro para que isso
pudesse ser possível e ainda que seja apenas uma questão de treino, não acho
que seja alcançável, para mim.
Todos
os tostões que consigo amealhar são gastos numa qualquer livraria, num
supermercado ou numa feira do livro. Sim, tenho uma lista enorme de livros para
ler, alguns já comprados, em fila de espera na estante, mas livros nunca são
demais, não é?
Não
percebo as pessoas que não gostam de ler, não que não respeite só não consigo
encontrar um bom motivo. Brincar com as palavras é uma arte e saboreá-las é das
coisas mais prazerosas. Seria certamente uma pessoa menos rica se não lesse.
Talvez sejam os livros que me fazem ter uma paixão
tão grande pela nossa língua e pela aprendizagem contínua de novas palavras. Os
livros são fonte de conhecimento e nós deveríamos bebê-los com biscoitos. Hoje
é dia de devorar sonhos.
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