Dia 15 - REINVENTAR
Reinventar:
criar de forma nova.
Já
devo ter mencionado que sou muito old school, que não acho piada nenhuma a ler
livros no computador, sempre imprimi todos os materiais de estudo até as pesquisas que serviam para
posteriormente elaborar o trabalho. Sou uma naba com tecnologias, às vezes
pergunto-me como me licenciei em Comunicação Social. Faz-me sobretudo confusão
a forma exclusivamente digital como temos as fotografias.
Uma
das memórias que tenho da minha infância prende-se com grandes álbuns da minha
avó, escondidos debaixo de uma mesinha de apoio com uma toalha comprida,
escondidos para que ninguém estragasse e só mexesse com a devida autorização.
Lembro-me de me sentar no chão e passar horas a ver fotografias. Nunca me
interessaram muito as histórias das pessoas que não reconhecia, “este é o pai
de sicrano que é teu tio em vigésimo quinto grau”, não conseguia ter ligação afetiva e portanto passava-me ao lado. Do
que eu gostava muito era de ver as pessoas que eu conhecia quando eram mais
novas, perceber que se davam com aquele ou aquela que moravam ao cimo da rua,
“ai, era tão magrinho!”. Era disto que eu gostava.
A
minha mãe ainda começou a fazer um álbum mais ou menos cronológico em que eu
era a personagem principal e se há coisa de que tenho pena é que não tivesse o
hábito de colocar datas nas fotografias. Mas esse álbum estagnou por volta dos
meus treze ou catorze anos. O boom dos
computadores, da internet, das máquinas digitais… E agora não me lembro quando
foi a última vez que imprimi fotografias (antes usava-se o verbo revelar),
tenho tudo em pastas e pens, um dia destes isto avaria e perco
tudo! “Ai, mas podias imprimi-las, ninguém te impede!”, pois, eu sei. O
problema é que com este fenómeno, com a facilidade com que se armazenam e tiram
fotografias sem a limitação dos rolos de 24 ou 36, tiram-se imensas fotografias
por dia e digamos que se eu fosse imprimir tudo teria sérios problemas
financeiros.
Às
vezes acho que com isto das fotografias vemos menos as coisas. Quando viajamos,
quando conhecemos um local novo, quando tomamos café com os amigos, queremos
fotografar tudo, queremos tanto guardar e partilhar aquilo que vimos que depois
não temos outra memória que não aquela que a fotografia nos dá. Não olhamos aos
pormenores, não fixamos os cheiros… Damos menos valor! E contra mim falo. Para
terminar, quero só dizer que li algures que quem tira demasiadas selfies tem falta de sexo (just saying)! Hoje é dia de parar.
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